Luiz Ribeiro, Tiago Pariz e Sílvia Bessa - enviados especiais do jornal Estado de Minas revisitam a cidade adotada por Lula como símbolos para lançar seu programa de combate à fome e constatam que a pobreza extrema é um fantasma que ainda assombra. O presidente abriu o seu primeiro mandato, em 2003, escolhendo a cidade piauiense Guaribas para aplicar o piloto do programa Fome Zero.
A ambição era tira essa comunidade de carência absoluta. Sete anos depois, comida não falta. Entretanto, Guaribas detém a pior qualidade de vida, todos dependem do benefício, que faz girar o comércio do município.
Com direito a comida, mas ainda muito pobre, Guaribas mudou mas ainda convivem com a miséria.
Sete anos e quatro meses depois de ter sido criado como principal arma para combater a miséria no país, o Fome Zero provocou mudanças significativas na vida dos moradores da localidade que viraram uma espécie de símbolo do programa – Guaribas, no Piauí; mas nem por isso o fantasma da miséria deixa de assombrar boa parte da população.
A escolha desse local foi motivada pelos níveis de pobreza e carência da população. Na época, equipes de reportagem do Estado de Minas acompanharam a visita de Lula, mostraram a realidade dos moradores e as suas necessidades, além das promessas que foram feitas a eles.
Na semana passada, de volta a essa localidade a equipe de reportagem do Estado de Minas foi verificar o que mudou na vida dos seus habitantes. Guaribas vive hoje em torno do Bolsa-Família: 96% da população recebe o benefício, que movimentou a economia da região ao mesmo tempo em que propiciou a melhora nas condições de vida de muitas famílias. Mas, como em 2003, não é difícil encontrar situações de miséria.
Em Guaribas, o Bolsa-Família funciona como complemento de renda e é recebido por 96% dos 4.600 habitantes. Para o prefeito Ercilio Andrade (PRB), o dinheiro do governo tornou muitos habitantes de Guaribas dependentes. “O povo ficou conformado com o Bolsa-Família e não quer enfrentar adversidades”, disse.
O principal programa social do governo criou duas classes de habitantes na cidade piauiense: o conformado e o empreendedor:
A primeira classe acha que a situação é confortável com a verba federal que sempre é depositada no banco.
A segunda aposta no Bolsa-Família como um complemento para melhorar de vida e quer investir na cidade.
Sem perder a esperança:
Uma moradora de Guaribas conta que continua sonhando com uma moradia decente. “Peguei com Deus e o Lula ganhou a eleição para presidente duas vezes. Ainda tenho esperança de que vou receber uma casa”, afirmou a moradora.
Água em Guaribas, o desenvolvimento gerado a partir da visita de lula não chegou para todos os habitantes do pequeno município piauiense. A pouco mais de três quilômetros da saída da cidade ainda existem pessoas morando em casas de adobe, sem reboco, piso de terra e, mais importante, sem acesso à água, a grande diferença na vida de parte dos moradores depois de 2003.
O aposentado Horatisman Alves da Rocha, 69, vive com a mulher Francisca, 66 anos, e a filha Limaria, de 36, próximo do Centro da cidade e nem tão longe da água. Diz que o encanamento passa a poucos metros de sua casa, mas mesmo assim tem que ir na bica. As duas mulheres da casa caminham cerca de uma hora com um jumento e latão para buscar a água. “Mas não é água potável não. É água só para dar para os bichos e tomar banho”, disse o aposentado.
Enquanto reclama da falta de água e da “casinha sem reboco”, Horatisman assiste à mulher e à filha separarem feijão ao lado de quatro porcos e um cachorro dormindo. “Temos esperança de chegar o que já chegou para Guaribas. Até o fim do mandato do Lula, vamos ter água e uma casa melhor”, afirmou o aposentado.
Fonte: Estado de Minas / Luiz Ribeiro, Tiago Pariz e Sílvia Bessa
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