sábado, 9 de outubro de 2010

Orai e Vigiai...


Reza a lenda que um homem certa vez teve uma visão na qual se encontrava diante de Jesus. Aproximando-se, percebeu que o Cristo chorava e então assustado perguntou: “Senhor, por que choras? Porque os homens não conhecem a Tua Palavra?” Jesus entristecido respondeu: “Não, filho! Os homens conhecem a minha Palavra, choro porque eles não a praticam!”

A frequência com que falamos da Palavra de Deus, de Jesus, é bem maior do que a frequência com que a praticamos. Oramos, nos colocamos de joelhos, proclamamos o Seu nome, mas nos momentos críticos onde a provação nos chama, geralmente vacilamos: o orgulho prevalece, o egoísmo fala mais alto, o preconceito se sobressai, a fé se esvai, esquecemos o respeito ao próximo, entendemos que o mundo deve girar segundo a nossa vontade. Como pequenos ditadores queremos reduzir a pó quem nos contraria ou quem representa qualquer obstáculo às nossas pretensões. Clamamos por justiça e por democracia, quando nós mesmos agimos como tiranos, às vezes insanos.

Queremos um mundo melhor, mas poucos fazem a sua parte. Queremos a paz, mas somos o primeiros a violentar o direito que tem o próximo de ser diferente de nós. Frequentemente necessitamos de perdão, mas raramente sabemos perdoar. Nosso dedo é o primeiro a apontar sem piedade o erro alheio e a nossa língua é a primeira a proferir a sentença para as falhas dos outros, contudo somos os primeiros a justificar nossos próprios erros, pois sempre achamos que tivemos boas razões para cometê-los e se não tivemos, acreditamos piamente que as outras pessoas tem a obrigação de compreender nossas fraquezas e nos apoiar em tudo. No caso dos mais orgulhosos sequer é admitido que se cometeu qualquer falha. Achamos que nossas necessidades são sempre maiores e mais prioritárias do que as dos outros, que nossa opinião é a mais acertada, que nossa conduta é irrepreensível e que, em nome de nossas vontades, de nossas paixões temos direito de nos colocar à frente de tudo e de todos.

Existem pessoas que nos tiram do sério, nos ofendem, nos caluniam, mas são elas que nos ajudam no exercício da compreensão e do perdão. Outras nos instigam ao mal, mas são elas que nos auxiliam na prática da retidão. Algumas nos perseguem, nos fortalecendo na fé, nos mostrando que temos tanto valor que por vezes incomodamos aos que ainda não conseguiram crescer em espírito. Há os que não nos compreendem, mas são justamente esses que exercitam nossa humildade. Exitem também os que precisam de nós, nos auxiliando no exercício da caridade. Tudo que Deus coloca em nossa vida tem um propósito: nos ensinar a agir como irmãos, nos ensinar a crescer como seres humanos, a nos aproximar Dele como filhos queridos. É essa a lição que devemos buscar em cada provação.

Deus nos quer junto a Ele, mas não somente em palavras, não somente na ida às igrejas ou aos cultos, não somente no conhecimento integral da Bíblia, do Evangelho, mas na prática incessante dos seus preceitos de amor, de caridade, de perdão. Jesus nos ensinou: “orai e vigiai”, pois a oração é necessária para nos aproximar de Deus, mas nenhuma validade ela terá se o que sair da boca for contradito pelo que trazemos dentro do coração, que Ele conhece bem.

E que “haja paz na Terra, a começar em mim!”

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Sr. Nerys