quarta-feira, 18 de novembro de 2009

Viver a Vida - Um grito na madrugada Miguel é chamado às pressas pra acalmar Luciana



De repente, gritos desesperados varam a madrugada e rompem o silêncio do hospital. Na voz estridente, toda a pungência de uma dor que não cessa, uma dor que não se faz sentir, que é a própria ausência de dor. É Luciana. Imóvel na cama, ela põe os pulmões para fora e cria um pequeno pandemônio entre médicos e enfermeiros. Ainda que sedada para que dormisse a noite tranquilamente, a paciente acorda no meio da noite e urra seu sofrimento como um animal enjaulado.

Noutro lado da cidade, sob a luz tênue de um abajur, vemos Tereza levantar-se em sobressalto. É como se estivesse sendo despertada pelo grito da filha. Sem saber por que, Tereza perde o sono, uma aflição esquisita a perturba. O que seria?

Luciana continua gritando. Desesperados, os profissionais que a atendem não sabem como agir. A paciente não quer médicos, enfermeiros, ninguém – exceto o doutor Miguel.

O plantonista então liga interrompendo o descanso do médico e amigo e ele vem, na madrugada, fazer companhia àquela por quem tem um carinho especial. E permanece ao lado dela até que se acalme. Nesse momento, para Luciana, não há ninguém mais importante que Miguel no mundo.

NO DIA SEGUINTE:

Mal sai da cirurgia e Luciana já será submetida a tratamento de fisioterapia, passo muito importante para sua recuperação. Por enquanto, são apenas exercícios respiratórios, para estímulo da caixa toráxica, do pulmão e do diafragma através da ação de inspirar e expirar. Imobilizada do pescoço para baixo, incapaz de um movimento sequer, isso tudo pode parecer muito pouco para Luciana. Mas Miguel e a fisioterapeuta Larissa garantem que esses exercícios são fundamentais e vão lhe dar energia e confiança.

Enquanto Luciana chora, descrente, Miguel enxuga as lagrimas dela. Incansável e sempre a seu lado, o médico tenta estimulá-la: “Cadê aquela menina cheia de determinação?”. E pede com carinho: “Confia em mim... Força, coragem, isso nunca te faltou”.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Prezado leitor ao deixar seu comentario favor identificar-se.

Sr. Nerys